sábado, 4 de agosto de 2012

OS DEUSES OLÍMPICOS

No meio dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, podemos ver que, enquanto o mundo e, em especial os brasileiros, sonham com as medalhas de nossos atletas, uma multidão de pessoas estão engajadas nas disputas e muitas, que não tiveram a oportunidade de subir ao pódium, nos oferecem ótimas oportunidades para perceber como o ser humano pode superar limites e buscar resultados tão pouco sonhados pela maioria dos mortais.
Olimpo era o nome que os antigos gregos davam ao lugar onde seus deuses moravam. E nada mais justo se encararmos os participantes deste evento como verdadeiros deuses, não importando o resultado que alcançem. Segundo o Wikipédia, os Jogos de Londres tem a estimativa de participação de 10.500 atletas. Parece muito, mas se considerarmos que a população mundial atingiu a cifra de 7 bilhões de pessoas, este número de atletas se torna praticamente insignificante.
Para uma análise mais precisa, estima-se, pelo próprio Wikipédia, que a população jovem é cerca de um bilhão de pessoas entre os 15 e 24 anos, idade em que se concentra a maioria dos atletas olímpicos. Assim, pouco mais de 0,001 % da população jovem do mundo atingiu índices que os permitiram estar presentes em Londres por alguns dias. Além dos fenômenos como Michael Phelps, que atingiu a marca, até agora de 20 medalhas olímpicas, há estórias menos gloriosas mas, nem por isso, menos dignas de habitantes deste Olimpo.
Na canoagem, a representante brasileira comemorava sua classificação para a próxima etapa e dava uma entrevista para uma rádio, quando foi informada pelo seu técnico que não havia se classificado como imaginava. Era de se esperar que nossa atleta se desesperasse e mudasse o tom da entrevista de uma alegria incontida para um inconformismo compreensível. Mas não. Ela manteve a alegria de ter participado e de poder estar presente entre todos aqueles campeões.  
No Judô, nossa atleta foi desclassificada por aplicar um golpe tido como irregular. Foi ao desespero, mas depois, com calma, reconheceu que errou.
Uma mesatenista que tem uma deficiência física (não tem parte do antebraço), competia de dava uma canseira na sua adversária (tive a felicidade de ver parte deste embate) não sentindo, em nenhum momento, que sua deficiência poderia ser um empecilho para ela.
Na natação, Ruta Meilutyte, de apenas 15 anos, olha incrédula para o placar eletrônico do ginásio de esportes para ver que havia chegado em primeiro lugar nos 100 metros nado de peito.
Enquanto isso, no hipismo, o cavaleiro japonês, de 71 anos, isso mesmo, 71 anos, lamentava sua desclassificação e colocava em dúvida sua participação no Rio 2016, pois chegou a hora de aposentar seu cavalo.
Por tudo isto, e outras muitas estórias mais que eu não soube e que, fatalmente, existiram durante os jogos é que se pode dizer que, quem está lá são pessoas previlegiadas e que fazem parte de uma nata de pessoas que muito deve honrar a si, sua família, seus amigos e seus países. Não importando o quanto de medalhas conseguiram, se é que conseguiram.
Como diz a frase do parachoques de caminhão, que, como muitas frases deste tipo, trazem em seu bojo muita filosofia,
DEUS NÃO ESCOLHE OS CAPACITADOS. CAPACITA OS ESCOLHIDOS